sábado, 16 de junho de 2007

Os primórdios

Em 2005 começou a tornar-se cada vez mais forte a vontade de continuar meus estudos. Até então, tinha feito Graduação (1997) em Engenharia Elétrica na UFCG, à época UFPB Campus II, e, Mestrado (2000) em Engenharia de Sistemas e Computação no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas e Computação na COPPE/UFRJ.

A idéia agora era fazer um Doutorado, mas não qualquer Doutorado. E aí a pergunta: em que mesmo ? meu estudos de Mestrado foram ligados à Visão Computacional, mas também sempre me interessaram problemas de Teoria da Computação, especialmente um deles relacioanados à Computabilidade: será que a forma proposta pela ciência de produção do conhecimento é da mesma cardinalidade da aritmética ? Pois se for, pelos Teoremas da Corretude, e Completude de Gödel, podemos dizer que esta produção do conhecimento é correta, e incompleta. Já tem gente trabalhando nisso aí no mundo e espero que logo tenhamos a resposta.

Uma outra coisa também intrigante, desde meus primórdios de gente, foi como nos atamos a este mundo nosso. Ou seja sempre fui fascinado pelas coisas relacionados os 'sistema de entendimento do mundo'.

Acho que 1998 ou 1999 vi uma matéria sobre um trabalho de um médico brasileiro que estava conseguindo bons avanços nos entendimento da maneira como o nosso 'sistema de entendimento de mundo' trata informações sensoriais. Este médico é o Prof. Miguel Nicolelis, um brasileiro que é Professor na Duke University. Em 2005 pude acompanhar na mídia o início da sua empreitada para criar em Natal.RN, um centro de referência de pesquisa em Neurociências: o Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN), e no final deste ano (2005) fiz contato com Sidarta Ribeiro, que estava vindo para Natal.RN para assumir as trincheiras daqui nesta grande empreitada.

Depois de algumas conversas por telefone e skype, resolvi ver de perto as pessoas e as coisas desta empreitada. E, então, no Carnaval de 2006 fiz rota contrária da maioria: saí de Salvador.BA, onde morei com minha família (Wannise, minha esposa, João Henrique e Isadora meus filhos) de Ago/2003 a Dez/2006; e peguei um ônibus da Viação São Geraldo em direção à Natal.RN. O ônibus passa por Campina Grande.PB, e aí ainda foi possível ver meus pais, Nivaldo e Edleusa, que estavam na casa meu irmão, Cláudio Ruy. Chegando à Rodoviária de Natal.RN fui recebido por Sidarta, e logo pude perceber que tinha uma grande figura humana logo ali na minha frente. Gente de primeira qualidade !!

O objetivo principal da minha viagem era avaliar a viabilidade (nas suas várias dimensões) de fazer Doutorado aqui em Natal nas instalações do IINN, e isso dependia especialmente da empatia com as pessoas, especialmente Sidarta que seria meu orientador, e tb. pela empreitada pois estaria no meio dela. Foi uma viagem rápida mas muito boa. Pois dela floresceram frutos de certeza na árvore da vontade de fazer ali meu Doutorado. E estes frutos cresceram mais ainda quando em uma outra visita, já aluno do Curso de Doutorado em Ciência da Computação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFCG, sob a orientação do Prof. Herman Gomes, pude perceber a relação concreta entre aquele projeto científico e a vida de dezenas de crianças que viviam em uma comunidade carente próxima a instalação provisória do IINN. Ali pedi a Deus que me permitisse trabalhar daquela forma em ciência: produzindo conhecimento e ajudando a florescer o interesse pelo conhecimento em crianças que normalmente nem pela vida em si estão interessadas.

Em Janeiro de 2007 estava aqui em Natal.RN já disposto a passar 3 ou 4 anos nos estudos do Doutorado. E há mais ou menos dois meses comecei o trabalho com as quatro primeiras crianças: Belinha, Ronaldo, Bori e Gil; e espero que deste grupo tenhamos futuros cientistas brasileiros. Acho que teremos sim.